segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Breve entrevista com Douglas Machado


RELEASE: NA ESTRADA COM ZÉ LIMEIRA

  1. Sobre o Zé Limeira
Talvez a minha maior surpresa encontra-se na certa proximidade entre o Zé Limeira da memória das pessoas que entrevistamos e o Zé Limeira descrito no livro de Orlando Tejo [Zé Limeira – O Poeta do Absurdo]. Salvo algumas liberdades poéticas do escritor, a figura alta e carismática se encaixa em ambas versões. A diferença é que o Zé Limeira de Orlando Tejo é uma personagem literária, repleta de exageros [andava somente à pé, mesmo que por 400km; usava 15 anéis nos dedos das mãos; morreu ao cantar a Pavoa Devoradora antes da meia-noite etc]. Essa dualidade está presente em praticamente todos os encontros gravados no documentário.

  1. Locais das gravações do documentário
Como havíamos planejado, foram três semanas de gravação. Sem interrupções. Percorremos pouco mais de 4.000km. Gravamos, sobretudo, na Paraíba. Também fizemos algumas seqüências em Pernambuco. Dos locais visitados, destacamos:
PB: Teixeira, Sítio Tauá, Maturéia, Campina Grande, Prata, Cajazeiras, Triunfo, São João do Rio do Peixe e Fazenda Melancias;
      PE: São José do Egito, Tabira, Piedade, Recife e Itapetim;

  1. Equipamentos usados nas gravações
Tomando partido da presença de Eduardo Crispim na equipe de gravação, usamos uma câmera adicional: a 7-D [Canon]. Ela funcionou, basicamente, como um olhar atento às circunstâncias das filmagens. Por exemplo, enquanto eu operava a XDCAM EX1-R, da Sony, Eduardo fazia uma cobertura dos detalhes desta gravação com a 7-D. Sempre usando uma lente 50mm – com um campo focal mínimo, para resultar em uma textura diferenciada. As duas câmeras trabalharam em Full HD. Quanto ao som, usamos duas fontes simultâneas: um direcional Sennheiser ME66/K6 [shotgun] e um lapela sem-fio, modelo UWP-V1, da Sony. Em alguns momentos, usamos também um Zoom H4n.

  1. Sobre os encontros
Cada conversa sobre Zé Limeira terminava por nos levar a outras pessoas. Como eu já imaginava, algumas foram encontradas, outras não. De qualquer maneira, encontramos bem mais do que estava previsto. E neste tecido da memória oral, costuramos um Zé Limeira que trafega entre os escritos de Orlando Tejo e o que ficou registrado na vida dessas pessoas. Gostaria de ressaltar dois encontros: João Furiba e Pedro Amorim. Ambos tocaram com Zé Limeira nas décadas de 1940 e início de 1950. Vale lembrar, também, Jessier Quirino – que nos recebeu frente ao Campinense Clube, no centro antigo de Campina Grande. Jessier faz parte desta geração de poetas paraibanos que podem ser considerados “limeirenses”.

  1. Sobre a gravação
Todo o trabalho foi regido por gravações sem acertos prévios. Tudo gravado em “primeiro take”, por assim dizer. Isso deu ao documentário um frescor, uma verdade, que certamente vai estar presente na edição. Um dos momentos mais significativos, acredito, foi encontrar – acompanhado por moradores do Sítio Tauá – o local exato onde Zé Limeira morava. Um deles, inclusive, viu, ainda menino, Zé Limeira tocar nesta casa.


Douglas Machado
[Diretor/Roteirista: NA ESTRADA COM ZÉ LIMEIRA]

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